domingo, 18 de maio de 2008

estante


Para quem não teve a chance de ver (ainda) a nova Menu, onde estou sediada, mantenho mensalmente uma coluna de livros. Cavocando no site da Menu é possível localizar algumas delas, mas vou facilitar e selecionar alguns de meus comentários, já publicados, de obras nacionais e estrtangeiras que saíram do prelo. Ei-las:

Coma comida de verdade (edição 112 - março/2008)

Mal saiu do forno, o novo livro de Michael Pollan já entrou para a lista dos mais vendidos do The New York Times. Se em sua obra anterior, O dilema do onívoro (publicada no Brasil pela editora Intrínseca), tratava do processo de industrialização da agricultura, neste ele discorre sobre a ditadura das ciências da nutrição, que estabelecem (às vezes, contraditoriamente) aquilo que é ou não saudável para ser consumido. In defense of food surgiu de um ensaio escrito para a The New York Times Magazine e é um verdadeiro manifesto contra a proposição de que a comida não pode ser reduzida, apenas, a seus componentes nutricionais. Sua tese é a de que o conhecimento científico convencional estabelece, a todo momento, diferentes teorias sobre os alimentos que trazem benefícios à saúde, o que gera uma nova desordem alimentar: a ortorexia. Pollan recomenda que evitemos alimentos que nossas avós não reconheceriam como sendo comida. E o retorno aos alimentos locais e elementares: uma recomendação que, se no Brasil pode parecer exagerada, não é para os norte-americanos, que gastam tempo e dinheiro consideráveis em comida com recomendações nutricionais.

In defense of food, an eater's manifesto - Michael Pollan - Penguin Press - US$ 21.95


Idéias no fogão (edição 113 - abril/2008)

Pensar e cozinhar, acredita Josep Muñoz Redón, são semelhantes, pois partem da aplicação de um método. Some-se a isso a premissa de que os sistemas filosóficos podem ser encontrados naquilo que seus autores comiam e teremos A cozinha do pensamento. Lançada na Espanha em 2005, a obra deste professor e escritor catalão levou o prêmio Sent-Soví de literatura gastronômica e acaba de ganhar edição brasileira. Embora não exista receita fácil que reconstrua as idéias de um pensador, é divertida a proposta de relacionar a biografia e as idéias de Galileu, Descartes ou Kant com o que comiam (e por que comiam). Um dos trunfos do livro reside nas receitas ao final de cada capítulo. A de maçãs e pêras ao mel com amêndoas e pinhões, que ilustra as páginas dedicadas a Pitágoras, traz dois tipos de cada ingrediente, numa alusão à concepção pitagórica de que a realidade é dual. Recorrendo à máxima definida por Redón – o filósofo cozinha idéias e o cozinheiro, alimentos –, o autor propõe como arremate de cada capítulo um problema de lógica ou de matemática, para que o leitor cozinhe, a seu tempo, uma resposta.

A cozinha do pensamento - Josep Muñoz Redón - Senac-São Paulo - R$ 45

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